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sábado, 23 de outubro de 2010

But I still haven't found what I'm looknig for...

Sabe quando parece que esqueceu algo e não sabe o quê? Então. Ele sentia falta de algo e não sabia o quê.

Olhou para os lados e estava só. Mas não lhe faltava ninguém. Tateou os bolsos mas  não lhe faltavam moedas, chaves ou seus aparelhos eletrônicos. Correu a lista do player, também não lhe faltava nenhuma música. Continuou andando, mas sempre pensando no que lhe faltava. Chegou no escritório e pesquisou no google. Por vezes o google lhe perguntava de volta: "você quis dizer:...:" Ele sempre respondia de volta um entristecido "não sei". Procurou amigos para conversar e brincar. Mas não era amizade, um confidente ou alegria o motivo de seu pesar.

Comprou tintas. Misturou várias. Mas também  não era uma cor. Foi ao médico e descobriu uma úlcera. Mas também não era dor, doença, cura ou consolo que lhe faltava. Procurou mulheres. Namoradas, foi ao baixo meretrício e ainda assim não eram romances, carinho ou sexo. Usou drogas. Álcool, tabaco, psicotrópicos, café...  Mas também não eram alucinações ou percepções novas. Foi à igreja, macumba, rasta.... Mas também não era nenhuma dessas merdas. Foi ao supermercado. Saiu sem comprar nada. Leu Freud, Marx, Darwin, Paulo Coelho, Receitas, viu Discovery Channel. Mas não lhe faltava uma explicação também.

Comeu atrás de sabores, exercitou-se atrás de endorfina, fez roleta-russa atrás de uma possibilidade. Leu jornal atrás de uma nova. Parou no farol. Conversou com um estranho. Olhou bocas-de-lobo. Olhou debaixo da cama. Olhou os bolsos de novo. Buscou signifados nos sonhos...

Ficou treinado em procurar.

Começou a procurar lugares para procurar. Pesquisas no google ou olhadas de canto de olho numa fresta da parede eram comuns e sutis. Sua rotina continuou cinza como sempre. Porém com um objetivo definido mas desconhecido.

Um dia se levantou no meio da noite. Precisava aliviar a urina que lhe preenchia a bexiga. No caminho para o banheiro deu uma topada daquelas em alguma coisa. Procurou o celular e, enquanto bravejava ao inferno pela dor no menor dedo do pé esquerdo, iluminou aquilo. Quando viu cerrou o semblante levantando uma sobrancelha pensando "WTF?"

Estava lá! Levou para a cama, ouviu suas musicas favoritas, bebeu seu drink favorito, dançou e dormiu embreagado. Acordou e colocou na estante. Todos os dias ao chegar do trabalho ficava lá. Admirava. Conversava. Sorria. Fazia tudo com alegria. Parou de trabalhar para usufruir do sucesso.

Até que (sempre existe um porém), enquanto tomava banho ouviu cair no chão. Correu todo ensaboado para ver o que houve. Havia sumido.Ficou magoado, mas por pouco pois foi vitorioso. Não por ter visto o que procurava, pois na verdade ele não encontrou. Foi encontrado. Mas foi vitorioso, mesmo que sua tenha sido em vão, mas por sempre ter tido razão.

A verdade absoluta tem vontade própria. Se mostra pra quem ela quiser. Não adianta procurar.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Uma história de arrepiar até os cabelinhos mais escondidos

Era uma faxineira. Tadinha da sofrida faxineira que sustentava sua existência com a miséria de um salário de faxineira. Não sei se ela tinha filhos ou cachorros para sustentar, mas vamos supor que não para dar mais dózinho dela. Então ela era sozinha no mundo. Triste e desiludida com a má-sorte que o destino reservou para ela. O que ela queria mesmo era ser ministra do meio ambiente. Mas nunca rolou, até mesmo porque ela não se permitia.

Das poucas vezes em que sentiu o calor de um homem sempre pode exercitar sentimentos e percepções que, por vezes, não achava exatamente natural. Era algo extra-sensorial que a permitia saber se o companheiro deveria usar casaco, levar guarda-chuva ou se era um sacana. Bem como qualquer mulher.

Eis que, em mais um dia comum depois de se levantar pelas horas mais esquecidas da madrugada, viajar pelos meios de transporte mais imêmores de quem não os usa, para fazer o seu trabalho imperceptível aos seus beneficiários, adentrou seu tão recorrente local de trabalho.

Na quarta sala em que foi dar uma barrida* ela entrou numa das numerosas salas da construção. Destrancou a porta (detalhe importate) e, quando virou para sua esquerda, viu uma mulher de cabeça baixa em frente à um computador. Acho estranho que àquelas horas já tivesse algum estágiotário fazendo algo, e chamou a atenção dela. Quando a pessoa levantou a cabeça pode notar que não tinha rosto. No lugar do rosto via-se apenas um borrão cinza profundo e inerte.

Virou um peido. Correu mais que qualquer coisa que corra muito. Foi atrás de uma outra faxineira gordinha. Queria uma segunda opinião, além do fato de estar se borrando. Queria saber se seu sexto sentido feminino-extra-sensorial estava pregando uma peça nela. Quando chegaram de volta à sala não havia mais nada... Mentira!!! A porra da entidade de cara cinza tava lá ainda!!! Desgraça! Elas começaram a indagá-la sobre quem era e o que queria. Eis que a fulana levantou e, sem emitir o menor sonzinho, passou por entre as duas e sumiu pelo corredor.
Cabô.


Geometry time!
Mostre que a soma dos quadrados das diagonais de um paralelogramo é igual à soma dos quadrados dos lados. Se for capaz!


*Do verbo barrer. É! Com a bassora mesmo.