quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Um homem especial

"Sempre quis ser importante. Sempre quis ter algo além do que todo mundo. Era medíocre. A sorte não estava ao seu lado. Não havia tido oportunidade (para nos identificarmos, todo mundo se acha a pessoa mais fudida do mundo).

Tomava café na padaria. Trabalhava em uma mesa repleta de papéis. Pela noite comia comida congelada.

Foi convidado para uma feijoada com os amigos (sinceros) do seu trabalho burocrático. Levou cerveja. No fim do dia sobrou feijuca. Ele fez uma marmita para o dia seguinte.

Quando foi consumi-la meteu a feijoada no microondas e... escutou um estouro! Era um pedaço de joelho de porco que acabara de espocar la dentro, bem como qualquer outra coisa que estoura no microondas. Ele não se assustou. Ninguém se assustaria. Mas praguejou. Também! Teria que limpar aquela gordura!

Mas a gordura reagiu com as microondas do microondas quando caiu no reator. O aquecimento, umidade e direção do vento culminaram em uma reação radioativa muito ativa! A mais ativa que já se viu! E alterou a constituição da matéria que constitui a feijoada!

Mas ele não soube. Assoprou a feijoada e comeu-a lá pelas 23h52. No meio da madrugada sentiu um incomodo abdominal. Nada anormal pois nem chegou a acordar. Virou de lado e encurvou-se um pouco. Fez uma pequena força e aliviou os gases intestinais que lhe preenchiam a cavidade. Nesse momento o quarto se preencheu de uma luz branca e ele enfim acordou! Procurou assustado (e com toda a razão) a origem da luz mas não encontrou. Notou que as coisas não tinham sombra. Resolveu então olhar para as próprias mãos e as viu apagando vagarosamente.

Ficou perplexo e guardou essa ocorrência para si. Queria ter certeza de que não estava sonhando (ou louco) antes de procurar ajuda. E tocou a vida. Foi à padaria e, quando entrou, viu uma claridade pelo canto do olho. Teve a nítida impressão de que um homem perto da porta teria brilhado também! Bem pouco... Mas brilhou! No trabalho viu outras pessoas brilhando também. Umas mais forte. Outras mais fraco. Algumas intermitentemente. Outras ainda por um tempo relativamente longo.

Notou, a partir desse dia, que teve a sensibilidade de perceber quando alguém flatulava.
Não contou para ninguém e começou a freqüentar lugares inusitatos para ver que pessoas peidavam achando que o enganavam. Desfiles de moda para ver mulheres magrelas, shows lotados para ver a aleatoriedade dos brilhos, na academia para ver quem realmente fazia força...

Guardou sua habilidade para si.

Até que um dia..."

E ai?

GEOMETRY TIME!

Mostre que se um cateto for o dobro do outro, então a altura divide a hipotenusa em dois segmentos tais que um é o quádruplo do outro.

sábado, 23 de outubro de 2010

But I still haven't found what I'm looknig for...

Sabe quando parece que esqueceu algo e não sabe o quê? Então. Ele sentia falta de algo e não sabia o quê.

Olhou para os lados e estava só. Mas não lhe faltava ninguém. Tateou os bolsos mas  não lhe faltavam moedas, chaves ou seus aparelhos eletrônicos. Correu a lista do player, também não lhe faltava nenhuma música. Continuou andando, mas sempre pensando no que lhe faltava. Chegou no escritório e pesquisou no google. Por vezes o google lhe perguntava de volta: "você quis dizer:...:" Ele sempre respondia de volta um entristecido "não sei". Procurou amigos para conversar e brincar. Mas não era amizade, um confidente ou alegria o motivo de seu pesar.

Comprou tintas. Misturou várias. Mas também  não era uma cor. Foi ao médico e descobriu uma úlcera. Mas também não era dor, doença, cura ou consolo que lhe faltava. Procurou mulheres. Namoradas, foi ao baixo meretrício e ainda assim não eram romances, carinho ou sexo. Usou drogas. Álcool, tabaco, psicotrópicos, café...  Mas também não eram alucinações ou percepções novas. Foi à igreja, macumba, rasta.... Mas também não era nenhuma dessas merdas. Foi ao supermercado. Saiu sem comprar nada. Leu Freud, Marx, Darwin, Paulo Coelho, Receitas, viu Discovery Channel. Mas não lhe faltava uma explicação também.

Comeu atrás de sabores, exercitou-se atrás de endorfina, fez roleta-russa atrás de uma possibilidade. Leu jornal atrás de uma nova. Parou no farol. Conversou com um estranho. Olhou bocas-de-lobo. Olhou debaixo da cama. Olhou os bolsos de novo. Buscou signifados nos sonhos...

Ficou treinado em procurar.

Começou a procurar lugares para procurar. Pesquisas no google ou olhadas de canto de olho numa fresta da parede eram comuns e sutis. Sua rotina continuou cinza como sempre. Porém com um objetivo definido mas desconhecido.

Um dia se levantou no meio da noite. Precisava aliviar a urina que lhe preenchia a bexiga. No caminho para o banheiro deu uma topada daquelas em alguma coisa. Procurou o celular e, enquanto bravejava ao inferno pela dor no menor dedo do pé esquerdo, iluminou aquilo. Quando viu cerrou o semblante levantando uma sobrancelha pensando "WTF?"

Estava lá! Levou para a cama, ouviu suas musicas favoritas, bebeu seu drink favorito, dançou e dormiu embreagado. Acordou e colocou na estante. Todos os dias ao chegar do trabalho ficava lá. Admirava. Conversava. Sorria. Fazia tudo com alegria. Parou de trabalhar para usufruir do sucesso.

Até que (sempre existe um porém), enquanto tomava banho ouviu cair no chão. Correu todo ensaboado para ver o que houve. Havia sumido.Ficou magoado, mas por pouco pois foi vitorioso. Não por ter visto o que procurava, pois na verdade ele não encontrou. Foi encontrado. Mas foi vitorioso, mesmo que sua tenha sido em vão, mas por sempre ter tido razão.

A verdade absoluta tem vontade própria. Se mostra pra quem ela quiser. Não adianta procurar.

O Pai Islâmico

O Pai moribundo Islâmico fala ao seu jovem filho, recém circuncisado e prometido a 40 virgens no paraíso.

-Filho agora você vai dar continuidade na tradição dos homens da nossa família. Alá permitira que você trouxesse de volta a nossa honra, que eu sujei ao projetar de forma errônea a bomba que carregava presa ao meu corpo!

Eu a detonei no meio da multidão pagã capitalista e ela somente explodiu meu corpo da cintura pra baixo me deixando apenas o tronco, braços, cabeça e a fé em Alá.

Rezei durante meses à Alá, naquela cama no hospital, para que Alá me poupasse a vida para que eu pudesse pagar pelo meu erro e dar-lhe um filho de Alá, que não falhará em sua missão!

Esse filho depois de um ano foi concebido pela vontade de Alá no ventre de sua mãe, como um milagre, esse filho é você.

Agora é sua hora de brilhar por Alá, morra por todos nós com essa nova bomba que projetei e não irá falhar, pois Alá me iluminou a mente!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Uma história de arrepiar até os cabelinhos mais escondidos

Era uma faxineira. Tadinha da sofrida faxineira que sustentava sua existência com a miséria de um salário de faxineira. Não sei se ela tinha filhos ou cachorros para sustentar, mas vamos supor que não para dar mais dózinho dela. Então ela era sozinha no mundo. Triste e desiludida com a má-sorte que o destino reservou para ela. O que ela queria mesmo era ser ministra do meio ambiente. Mas nunca rolou, até mesmo porque ela não se permitia.

Das poucas vezes em que sentiu o calor de um homem sempre pode exercitar sentimentos e percepções que, por vezes, não achava exatamente natural. Era algo extra-sensorial que a permitia saber se o companheiro deveria usar casaco, levar guarda-chuva ou se era um sacana. Bem como qualquer mulher.

Eis que, em mais um dia comum depois de se levantar pelas horas mais esquecidas da madrugada, viajar pelos meios de transporte mais imêmores de quem não os usa, para fazer o seu trabalho imperceptível aos seus beneficiários, adentrou seu tão recorrente local de trabalho.

Na quarta sala em que foi dar uma barrida* ela entrou numa das numerosas salas da construção. Destrancou a porta (detalhe importate) e, quando virou para sua esquerda, viu uma mulher de cabeça baixa em frente à um computador. Acho estranho que àquelas horas já tivesse algum estágiotário fazendo algo, e chamou a atenção dela. Quando a pessoa levantou a cabeça pode notar que não tinha rosto. No lugar do rosto via-se apenas um borrão cinza profundo e inerte.

Virou um peido. Correu mais que qualquer coisa que corra muito. Foi atrás de uma outra faxineira gordinha. Queria uma segunda opinião, além do fato de estar se borrando. Queria saber se seu sexto sentido feminino-extra-sensorial estava pregando uma peça nela. Quando chegaram de volta à sala não havia mais nada... Mentira!!! A porra da entidade de cara cinza tava lá ainda!!! Desgraça! Elas começaram a indagá-la sobre quem era e o que queria. Eis que a fulana levantou e, sem emitir o menor sonzinho, passou por entre as duas e sumiu pelo corredor.
Cabô.


Geometry time!
Mostre que a soma dos quadrados das diagonais de um paralelogramo é igual à soma dos quadrados dos lados. Se for capaz!


*Do verbo barrer. É! Com a bassora mesmo.